Prezada e Prezado Sócio da SBEM,
Temos assistido com muita preocupação, tristeza e indignação
o que vem ocorrendo, tanto em âmbito nacional quanto internacional, sobretudo
nos Estados Unidos, com relação à banalização da vida humana, principalmente
quando é uma vida de pessoa negra.
Os assassinatos, por policiais, de George Floyd (46 anos),
nos Estados Unidos, em maio de 2020 e, similarmente, do menino João Pedro
Mattos Pinto (14 anos), também em maio, em São Gonçalo (RJ), no Brasil, não têm
coincidências! Em ambos os casos, seja pelo sufocamento de George Floyd por um
policial branco, ou pelas balas que encontraram o corpo de João Pedro Pinto,
suas vidas foram tiradas por quem deveria as proteger.
Na cidade do Recife (PE), em 03/06/2020, vimos mais uma vida
de um menino negro, o Miguel Otávio Santana da Silva (5 anos), sendo
descuidada, negligenciada. Nesse caso, a arma não foi física (imobilização e
sufocamento, no caso de George Floyd; ou um revólver, no caso de João Pedro),
mas simbólica, aquela que lamentavelmente ainda vemos nos diferentes espaços
nos quais o preconceito e a discriminação reinam. O disparo se deu no teclado
de um elevador. A patroa (branca) se omitiu ao cuidar por alguns minutos do
filho da empregada (negra), que foi passear/cuidar do cachorro dela. A patroa
deixou o menino subir no elevador do prédio sozinho, inclusive, apertou um
andar para ele ir só. O Miguel, procurando a mãe, entrou na sala de máquinas do
elevador e caiu do parapeito do prédio (9o andar) de uma altura de 35 metros.
Morreu no hospital!
Na mesma direção, Marielle Franco (38 anos), mulher preta,
lésbica, socióloga, política e defensora dos direitos humanos, executada em
março/2018, na cidade do Rio de Janeiro, juntamente com seu motorista, Anderson
Pedro Mathias Gomes, engrossa o noticiário dos casos sem solução no Brasil e
fez ecoar mundo afora a triste e sombria pergunta, ainda sem resposta, para a
vergonha das autoridades brasileiras, “Quem mandou matar Marielle?”
Entendemos que o genocídio Brasileiro, e também Americano,
que potencializa a barbárie quando é contra pessoas negras, mulheres, gays,
pobres e outras minorias, não está aumentando! Ele está sendo noticiado,
mostrado, rasgando os lacres que os escondiam, e a imprensa tem cumprido uma
missão importante nas questões relacionadas aos abusos cometidos contra esses
grupos, principalmente, levando ao conhecimento do povo a indisposição do atual
governo em resolver crimes tão cruéis contra a vida humana. “Ciclo de uma
sociedade racista: enquanto mais um jovem negro e pobre é preso só por existir,
mais uma mãe negra e pobre sofre com a solidão” (Marielle Franco).
Neste sentido, a Diretoria Nacional Executiva da SBEM vem a
público repudiar o descompromisso dos governantes em resolver os casos que
flagelam a maior parte da população (negros, mulheres e gays) e cobrar das
autoridades rigor nas apurações, combate à violência racista e misógina e
punição aos assassinos encobertos pela branquitude que os livra do rigor da Lei.
"Perceber-se é algo transformador. É o que permite
situar nossos privilégios e nossas responsabilidades diante de injustiças
contra grupos sociais vulneráveis" (Djamila Ribeiro)
INDIGNAÇÃO e PUNIÇÃO, e, não, naturalização da barbárie.
TODAS as Vidas, de TODAS as cores, de QUALQUER classe social, de QUALQUER
sexualidade, de QUALQUER idade, IMPORTAM para os(as) professores(as) e
educadores(as) matemáticos(as)!
Diretoria SBEM Democracia e resistência como estratégias para
melhor Educação para Todas e Todos (2019-2022).
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